terça-feira, 16 de dezembro de 2014

AS BRINCADEIRAS DO MEU TEMPO

Eu ouvia familiares dizerem que as brincadeiras do seu tempo eram outras, e quando me dei conta, eu também estava dizendo a mesma coisa. Brinquei de casinha. Era comadre da minha prima, fazia aniversário da boneca com o nosso lanche da tarde. Depois vieram outras brincadeiras: amarelinha, pula-corda, 31 alerta, tô no poço, resta 1, dominó, dama, queimada... Era uma infância tão inocente!

Não condeno totalmente a tecnologia, o mundo virtual, mas confesso que sinto saudades daquele tempo. Eu brincava de médica, sem maldade (kkkkkkk). Pegava caixinhas de remédio, fazia receita. E em cada brincadeira sentava mais um degrau da minha personalidade. Fui uma criança muito amada e repassei muito amor. Atualmente, vejo crianças e adolescentes rebeldes que trancam a porta do quarto e se fecham para o mundo. Acabam sendo pessoas amargas, mal resolvidas, impacientes e inseguras. 

Como professora, vejo reflexos dessa situação em sala de aula, onde percebo quem é equilibrado e quem é desajustado. Vejo pessoas realizadas que se encontram e se encantam consigo mesmas, no entanto, observo outras com a autoestima para lá de baixa.

Veio a geração Susi e a da Barbie para quem podia ter. Eu tive outra boneca e boneco (o Bob). Costurava roupinha, mantinha a casa arrumada, e assim, brincava todos os dias.

Vi morrer menos crianças e adolescentes. As pessoas tinham mais amigos, eram mais sensíveis e naturais. Hoje, elas se expõem nas redes sociais, porém há muita artificialidade nas ações e reações.

Para mim, o diálogo é essencial com olho no olho. Eu estranho muito. Olho para meu filho de 10 anos... ele já esquecendo os brinquedos, vestindo jeans; o tempo voou. Surgiram outros modelos de família, os valores sociais se perderam no tempo. 

Morava no interior e invejava muita coisa da capital. Tinha o rádio, a televisão e estava sempre contando com o apoio da família. Era feliz e não sabia que muitos gostariam de estar no meu lugar. 

A lição que ficou em meu subconsciente foi de que as coisas simples me trouxeram mais alegria em relação às sofisticadas, pois na simplicidade contei mais com a ajuda dos outros, enquanto a sofisticação me impulsionava a andar sozinha. Eu não nasci para ser ilha. E você diz o quê?


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