quinta-feira, 16 de abril de 2015

O SONO ANTECEDENTE (JORGE DE LIMA)

Parai tudo que me impede de dormir:
esses guindastes dentro da noite,
esse vento violento,
o último pensamento desses suicidas.
Parai tudo que me impede de dormir:
esses fantasmas interiores que me abrem as pálpebras,
esse bate-bate de meu coração,
esse ressonar das coisas desertas e mudas.
Parai tudo que me impede de voltar ao sono iluminado
que Deus me deu
antes de me criar.

(Antologia poética, 3. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1978.)

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