sexta-feira, 22 de maio de 2015

VIRANDO A PÁGINA

Hoje, dia 21 de maio de 2015, saí do trabalho às 22h e resolvi caminhar de volta à casa. Há dias que eu vinha apanhando moto ou voltava de carona com colegas professores. É gostoso andar no interior, à noite, "vendo a lua com seu brilho de aluguel". Passei por ruas simples que me fizeram lembrar a música Gente Humilde, de Chico Buarque. 

Vi pessoas na calçada, e a gente sai dizendo boa noite para conhecidos e desconhecidos. Como sou professora, acaba sendo todo mundo conhecido, pois quem eu não conheço me conhece. 

Vi o rio seco e gatos saboreando os resíduos que se encontram entre as folhas que a água vem trazendo. 

Vi crianças acompanhadas pelos pais, andando pela orla... pessoas em lanchonetes. E eu apressava o passo, pois ainda ia apanhar meu filho, que eu havia deixado na casa de uma amiga.

Nesse percurso pude ver ex-alunos, dei um alô. Alguns rindo, outros tristes devido à notícia publicada em um blog de que encontraram um colega da escola (ex-aluno meu) morto, depois de estar desaparecido há dias. Acompanhei-os para não andar sozinha numa rua deserta. 

Assim se deu a caminhada, até que encontrei três pré-adolescentes conversando,  e sem querer, ouvi um menino perguntando a uma menina: Se dissessem para você fazer dois pedidos, o que você iria pedir? Ela disse: - Meu pai de volta. E o outro pedido? - Minha bisavó de volta. Fechei meu dia com estas frases, pois no intervalo de cada atividade, hoje, como de costume, eu me lembrei da minha avó-mãe de 101 de idade; um dia fragilizada, outro renovada, preenchendo-nos com poesias, orações e o sorriso iluminado entre o sono e o descanso. 

Falo com meu esposo por telefone, que também está na capital. E tento dormir cedo, porém, a rotina da casa desvia meu raciocínio por um tempo. Aí, senti vontade de colocar tudo isso aqui, compartilhar com quem ainda está acordado, afinal, corremos tanto durante o dia, que para desacelerar não é fácil. Haja adrenalina! 

Bom, foi o dia do aniversário do meu pai. Meu crédito havia acabado e eu enviei apenas uma mensagem para o celular do meu irmão. Passei o dia em escola. Espero estar no final de semana com meu pai, minha avó-mãe, meu esposo e os demais parentes. 

Ah, esqueci de dizer que foi também o dia do aniversário de um grande amigo, membro da minha família. Ele não se encontra fisicamente entre nós, mas em nossa memória. E uma tia minha completou bodas de ouro. 

Dizer mais o quê? Foi também o dia do profissional de Letras. Esta parte é outro pedaço de mim. Obrigada pelas mensagens que me enviaram. 

Vou encerrar a digitação,  mas a cabeça ainda tem assunto para contar, por exemplo: recitei muitos poemas na aula sobre Romantismo, fiz lanche para meu filho, reguei umas plantinhas. 

Quero ver o homem ter a energia mental e física como nós mulheres! Segue-se a oração e o descanso, que será logo quebrado pelo despertador. 

Minha avó-mãe me diz que a nossa vida é um romance. Há quem diga que é uma novela. Acho que a minha está mais para uma crônica. No final, a nossa história se cruza em muitos pontos se colocarmos em um gráfico. 

Pode acreditar que deixei de falar mais coisas, senão, o dia iria clarear e eu estaria aqui digitando. 

Gente, já ia esquecendo que sou humana e tive a hora de refeição e higiene pessoal, além da meditação e da ginástica que faço cedinho. Cumpri todo o protocolo. Deus rende nosso tempo; é só sabermos usá-lo.

Caminhei, tão contemplativa, fazendo jus ao meu sobrenome Miranda (Mira/Anda), que esqueci de chamar a moto para me conduzir. E caminhando com o dinheiro na mão. Não é loucura! É culpa da adrenalina que me deixa a mil por hora. 

Na sequência, indago: escrevi para quem ler? Não sei. Deus é quem sabe. Como não tenho bola de cristal, vou repousar e deixar virar a página. 

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