Enquanto dois touros lutavam furiosamente pela posse exclusiva de certa campina, as rãs novas, à beira do brejo, divertiam-se com a cena. Uma rã velha, porém suspirou:
_ Não se riam, que no fim da disputa, vai ser doloroso para nós.
_ Que tolice! _ exclamaram as rãzinhas. _ Você está caducando, rã velha!
A rã velha explicou-se:
_ Brigam os touros. Um deles há de vencer e expulsar da pastagem o vencido. Que acontece? O animalão surrado vem meter-se aqui em nosso brejo e ai de nós!...
Assim foi. O touro mais forte, à força de marradas, encurralou no brejo o mais fraco, e as rãzinhas tiveram de dizer adeus ao sossego. Inquietas sempre, sempre atropeladas, raro era o dia em que não morria alguma sob os pés do bicharoco.
Moral: É sempre assim: brigam os grandes, pagam o pato os pequenos.
(LOBATO, Monteiro. Fábulas e histórias diversas. São Paulo: Brasiliense, 1955. p. 33.)
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