Sou um poeta do mato
Vivo afastado dos meios
Minha rude lira canta
Casos bonitos e feios
Eu canto meus sentimentos
E os sentimentos alheios
Sou caboclo nordestino
Tenho mão calosa e grossa,
A minha vida tem sido
Da choupana para a roça,
Sou amigo da família
Da mais humilde palhoça
Canto da mata frondosa
A sua imensa beleza,
Onde vemos os sinais
Do pincel da natureza,
E quando é preciso eu canto
A mágoa, a dor, a tristeza
Canto a noite de São João
Com toda a sua alegria,
Sua latada de folha
Repleta de fantasia
E canto o pobre que chora
Pelo pão de cada dia
Canto o crepúsculo da tarde
E o clarão da linda aurora,
Canto aquilo que me alegra
E aquilo que me apavora
E canto os injustiçados
Que vagam no mundo afora
PATATIVA DO ASSARÉ. Patativa do Assaré, uma voz do nordeste. Intr. e sel. de Sylvie Debs. São Paulo: Hedra, 2000. p-75-6. (Biblioteca de Cordel)
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