segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A ÁRVORE DA SERRA (SONETO DE AUGUSTO DOS ANJOS)



Era uma vez uma algaroba. Quem lembra de uma que existiu em Guamaré?

Para homenageá-la pelas sombras que me proporcionou, deixo registrada a poesia abaixo, de autoria de Augusto dos Anjos, que publicou apenas um livro cujo título era EU.


A árvore da serra  (de Augusto dos Anjos)


— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

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