terça-feira, 5 de novembro de 2013

SONETO DE FIDELIDADE (VINÍCIUS DE MORAES)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento. 

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes, Antologia Poética, Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, p. 96.


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