De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas da laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica!
ANJOS, Augusto dos. Eu. Outras poesias. Poemas esquecidos. 31. ed. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1971. p. 61. In: INFANTE, Ulisses. Textos: Leituras e escritas. 1. ed. São Paulo: Scipione, 2006. Volume único. p. 454
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