terça-feira, 11 de julho de 2017

LUNAR (TEXTO DE MÁRIO QUINTANA)

As casas cerraram seus milhares de pálpebras.
As ruas pouco a pouco deixaram de andar.
Só a lua multiplicou-se em todos os poços e poças.
Tudo está sob a encantação lunar...

E que importa se um dos nossos artefactos
lá conseguiram afinal chegar?
Fiquem armando os sábios seus botoques:
a própria lua tem sua usina de luar...

E mesmo o cão que está ladrando agora
é mais humano do que todas as máquinas.
Sinto-me artificial como esta esferográfica.

Não tanto... Alguém me há de ler com um meio sorriso
cúmplice... Deixo pena e papel... E, num feitiço antigo, 
à luz da lua inteiramente me luarizo...

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