domingo, 27 de novembro de 2016

O ASSASSINO ERA O ESCRIBA (TEXTO DE PAULO LEMINSKI)

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
                                                                     [inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar como um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA. 
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

LEMINSKY, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Brasiliense, 1983. In: Português especial ENEM. Editora Saraiva. p. 79.

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