Última flor do Lácio, inculta e bela,
és, a um tempo, esplendor e sepultura:
ouro nativo, que na ganga impura
a mina bruta entre os cascalhos vela...
amo-te assim, desconhecida e obscura,
tuba de alto clangor, lira singela
que tens o trom e o silvo da procela,
e o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
de virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi:"meu filho"!
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
o gênio sem ventura e o amor sem brilho!
BILAC, Olavo. IN: BERNARDI, Francisco. As bases da literatura brasileira: história, autores, textos e testes. São Paulo: AGE, 1999. p.135.
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