Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente
Triste ironia atroz que o senso humano irrita: _
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também que nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
LIMA, Jorge de. Acendedor de lampiões. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, Aguilar, 1974. v.1. p.62.
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