São como um cristal
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
ANDRADE, Eugênio de. As palavras. In: SILVESTRE, Osvaldo Manuel; SERRA, Pedro (Org.)Século de ouro: antologia crítica da poesia portuguesa do século XX. Braga [Portugal]: Angelus Novus & Cotovia, 2002. p.162. In: AMARAL, Emília... [et. ali.] Novas palavras. 2. ed. São Paulo: FTD, 2013. p.153.
Nenhum comentário:
Postar um comentário